O papel das mulheres no 25 de abril

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Olá! Neste post, vou falar sobre o papel das mulheres no 25 de abril em Portugal, um tema que me interessa muito e que acho que merece ser divulgado. O 25 de abril foi uma data histórica para o país, que pôs fim à ditadura mais longa da Europa e abriu caminho para a democracia e a liberdade. Mas o que significou essa revolução para as mulheres portuguesas, que viviam numa sociedade patriarcal, conservadora e repressiva?

Antes do 25 de abril, as mulheres eram consideradas cidadãs de segunda classe, sem direitos sobre a sua vida e o seu corpo. Eram submetidas à autoridade do pai ou do marido, que podia controlar os seus bens, a sua correspondência, o seu trabalho e as suas viagens. Não tinham direito ao divórcio, aos contraceptivos ou ao aborto. Eram discriminadas no acesso à educação, ao emprego e à participação política. Algumas profissões eram-lhes vedadas ou condicionadas. Eram vítimas de violência doméstica e de crimes de honra, sem proteção legal. Eram vistas como donas de casa, mães cuidadoras e passivas, sem voz nem vez na esfera pública.

Com o 25 de abril, as mulheres libertaram-se de muitos dos seus espartilhos e lançaram-se nas grandes transformações sociais em curso. Participaram ativamente nas lutas, na defesa das liberdades, pelo direito ao trabalho, pela Reforma Agrária, pelas nacionalizações, pelo direito à igualdade em todas as esferas da vida. Foram protagonistas de movimentos feministas e de organizações políticas e sindicais. Reivindicaram o direito ao voto universal, à educação sexual, ao planeamento familiar, à interrupção voluntária da gravidez, à igualdade salarial, à proteção da maternidade e da paternidade, à rede pública de creches e escolas, à lei contra a violência doméstica.

A participação política das mulheres no 25 de abril foi determinante para garantir todas estas medidas – foram produzidas alterações profundas na sociedade e na legislação, consagrando o direito à igualdade das mulheres no trabalho, na família, na participação social, politica, cultural e desportiva e o direito aos serviços públicos. A Constituição de 1976 reconheceu as mulheres como cidadãs plenas e proibiu qualquer forma de discriminação em função do sexo. As mulheres conquistaram espaços de poder e de representação em vários setores da sociedade. As mentalidades foram mudando gradualmente, embora ainda persistam alguns preconceitos e desigualdades.

O 25 de abril foi um marco fundamental para a emancipação das mulheres portuguesas. Foi uma revolução que abriu um novo mundo de possibilidades e de desafios para as mulheres se afirmarem como sujeitos autónomos e livres. Foi uma revolução que ainda não acabou e que precisa ser continuada pelas novas gerações de mulheres que querem construir uma sociedade mais justa e solidária.